Os meninos de rua
Parecem pardais urbanos:
em ligeiros vôos
acham-se em toda parte,
aproveitam restos de toda sorte.
Tropical
é algazarra de suas vozes,
quando se ajuntam;
seus gestos e jeitos,
de uma graça desavisada,
assustam e comovem.
Atentíssimo dever ser
o anjo da guarda dos meninos de rua,
esses tantos pardais urbanos.
POEMA N. 29
Vou me sabendo sem remansos.
Por vezes o mar estronda
dentro de mim
e tempestades medonhas me obrigam
a descer aos porões, a reconhecer-me
nas escotilhas fechadas da minha
incômoda solidão.
Difícil reconhecimento, porém.
Eu já sou muitas.
Meus olhos, é verdade,
ainda se mantêm amorosamente
indiscretos, e minha alma busca
da palavra as seduções segredosas
que me ardem no peito.
Mas já não me deixo
Possuir.
Arriete Vilela-alagoana-escritora, professora, Meste em Literartura Brasileira...