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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Masturbação Solar

Ah, o Sol que me toca, acaricia e bolina
Pela manhã, toca o meu rosto
Chega próximo aos meus lábios, taciturno...
Esconde-se como em um jogo de amantes
Depois me fita; só eu e ele. O resto
não importa.
De mansinho, ele vem já acariciado o meu rosto, desce mais um pouquinho e agora quer meu colo.
Ele tira arrepios e se esconde novamente, porque gosta de me ver assim, sentindo falta do seu calor.
Calor ascendente e descendente que me provoca movimentos voluptuosos
Mas a intimidade e proximidade faz com que ele venha cada vez mais forte e
assim, não o sinto mais delicado.
Agora
Ele não quer mais se esconder. Quer marcar presença em meu corpo. Realizar o ato e me deixar marcada.
Mais um dia eu brinco com o Sol e deixo apenas o desejo.
Ele enlouquece e põe-se a chorar como uma criança sem o seu brinquedo.


Helena, poetisa lunática (aluna de Letras/7º período(

sábado, 27 de junho de 2009

A miséria do meu ser




A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.

Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.

É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?

Fernando Pessoa

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A carteira- Machado de Assis



Eis ai um excelente conto de um Imortal da literatura mundial:Machado de Assis.

A Carteira

de Machado de Assis

...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira.
Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o
viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe
disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem
de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o
bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório,
que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as
circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a
princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida
da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia
remédio senão ir descontando o futuro.
Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos
empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer,
e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma
voragem.
—Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e
familiar da casa.
— Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes
remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, com que fundara grandes
esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa
à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus
negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em
um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele,
dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os
trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o
Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente
falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro
anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

...

clique aqui para fazer o download do conto completo.

domingo, 21 de junho de 2009

O corvo-Edgar Allan Poe-Traduzido por Machado de Assis




(clique na imagem para ampliá-la)

sábado, 20 de junho de 2009

Autoconsciente

27/09/2008

de que minhas lacunas epistemológicas
inexoravelmente propiciam
preconceitos, falhas, impropriedades,
oriundas talvez de minha crença
repugnante e retrógrada
aos olhos desta nossa vastidão de intelectualidades
atualizáveis on-line.

de que, na luta mental por uma sociedade justa
teria de restringir os prazeres alheios,
desconcientizá-Ios de que a sociedade visualizada por mim não é a deles,
paladino que sou
da justiça, do respeito mútuo e da tolerância,
do fim da marginalidade e da criminalidade,
adotando soluções simplistas,
cansado de compadecer-me das vítimas da sociedade
que inconscientemente (coitadas!) me vitimizam.

de que este livro negro que carrego,
ensinado que fui a "guardá-Io no coração",
se afigura aos demais como um triângulo roxo infamante e vergonhoso
no peito de uma Testemunha, por exemplo,
que poderia ser simplesmente jogado fora, largado,
que faria de mim mais um ser humano livre e crível,
um fardo que me tolhe o intelecto, que
poderia ser aliviado
em troca de guloseimas, honras, fêmeas,
desde que simplesmente o lançasse às feras.

de que estou aquém da filosofia:
não sou de São Tomás de Aquino
nem de São Frederico Nietzsche;
politeísmo e antropolatria nunca foram meu ponto forte ...

de que toda essa autoconsciência,
seja indulgente ou severa para comigo mesmo,
não contribui em nada para que meu pensamento torpe
ou as abstrações insanas de minha mente
porventura me liberem da prisão que todos apontam haver em mim
e me façam alguém enfim capaz de dizer, a plenos pulmões,
"em pleno século XXI" seguido de uma salva de calorosas palmas ...


Ari Denisson

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Alan Sieber- Corno


Eis ai uma charge de Alan Sieber.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

MÚSICA EM PAUTA:


ENCONTRO ENTRE COMPOSITORES ALAGOANOS E OS ALUNOS DOS CURSOS DE MÚSICA DO SESC/AL