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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Arriete Vilela

POEMA N. 28



Os meninos de rua

Parecem pardais urbanos:



em ligeiros vôos

acham-se em toda parte,

aproveitam restos de toda sorte.



Tropical

é algazarra de suas vozes,

quando se ajuntam;



seus gestos e jeitos,

de uma graça desavisada,

assustam e comovem.



Atentíssimo dever ser

o anjo da guarda dos meninos de rua,

esses tantos pardais urbanos.





POEMA N. 29



Vou me sabendo sem remansos.

Por vezes o mar estronda

dentro de mim

e tempestades medonhas me obrigam

a descer aos porões, a reconhecer-me

nas escotilhas fechadas da minha

incômoda solidão.



Difícil reconhecimento, porém.

Eu já sou muitas.

Meus olhos, é verdade,

ainda se mantêm amorosamente

indiscretos, e minha alma busca

da palavra as seduções segredosas

que me ardem no peito.



Mas já não me deixo

Possuir.

Arriete Vilela-alagoana-escritora, professora, Meste em Literartura Brasileira...

Poética-Claudio Willer

Poética

"1
então é isso
quando achamos que vivemos estranhas experiências
a vida como um filme passando
ou faíscas saltando de um núcleo
não propriamente a experiência amorosa
porém aquilo que a precede
e que é ar
concretude carregada de tudo:
a cidade refluindo para sua hora noturna e todos
indo para casa ou então marcando encontros
improváveis e absurdos, burburinho da multidão
circulando pelo centro e pelos bairros enquanto as
lojas fechadas ainda estão iluminadas, os loucos
discursando pelas esquinas, a umidade da chuva
que ainda não passou, até mesmo a lembrança da
noite anterior no quarto revolvendo-nos em carícias e mais nosso encontro na morna escuridão de um
bar – hora confessional, expondo as sucessivas
camadas do que tem a ver – onde a proximidade
dos corpos confunde tudo, palavra e beijo, gesto e
carícia
TUDO GRAVADO NO AR
e não o fazemos por vontade própria porém
por atavismo

2
a sensação de estar aí mesmo
harmonia não necessariamente cósmica
plenitude muito pouco mística
porém mera proximidade
de aberrante experiência de viver
algo como o calor
sentido não demasiado longe de uma forja
(talvez devesse viajar, ou, melhor ainda, ser levado
pela viagem, carregar tudo junto, deixar-se conduzir
consigo mesmo)
ao penetrarmos no opalino aquário
(e isso tem a ver com estarmos juntos)
e sentirmos o mundo na temperatura do corpo
enquanto lá fora (longe, muito longe) é tudo outra coisa
então
o poema é despreocupação"

Claudio Willer -é poeta, ensaísta e tradutor,presidente da União Brasileira de Escritores, UBE

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Anaïs Nin


Anaïs Nin



Anaïs Nin foi uma escritora francesa que polemizou sua época ao escrever suas obras permeadas de erotismo e idéias feministas.


"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."

Anais Nin




Eu escolho
um homem
que não duvide
de minha coragem
que não
me acredite
inocente
que tenha
a coragem
de me tratar como
uma mulher.

Anais Nin



O erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MOSTRA DO CINEMA FRANCÊS CONTEMPORÂNEO-06 A 14 NOV.





Filmes:
-A esquiva (de Abdellatif Kechiche)
-Até Já (de Benoit Jacquot)
-Assassinas (de Patrick Grandperret)
-De Volta à Normadia (de Nicolas Philibert)
-O Último dos Loucos (de Laurent Achard)
-Povoado Number One (de Rabah Ameur-ZaÏmeche)
-A França (de Serge Bozon)
-Tudo Perdoado (de Mia Hansen-Love)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

TROVINHA DE ANIVERSÁRIO


TROVINHA DE ANIVERSÁRIO
Trova


Não! Não mais se entristeça, ó minh’alma.
Vai, alma minha, retorne a sã paz.
Pois que resolvo se perco a calma?
Que serei quando nada me apraz?

Não me abaterei, lida sagaz.
Lhe calcarei, tomarei co’a palma
E lhe mostrarei como se faz
Sem frisos, sem farpas, nem trauma.

Pois que nessa peleja me arrisco,
Ouro ou prata me é por secundário,
No favor de Deus me acho em aprisco,
Celebrando sim meu aniversário.

Mas peraí, meu prezado conviva:
Sou-lhe grato pelo “viva-viva!”,
Se você não é meu amor, nem parente,
Tô nem aí ora. Eu quero é o meu presente!!


(Wagner)
09/08/09

VOU ME JOGAR NA GUANABARA Wagner Williams



(Ao velhinho Guga pela viagem ao Rio)
E.R. 8 (2-4-5-8).
Quadrinha.


Vou me jogar na Guanabara
De cabeça, de corpo, de alma,
Esquecer que o tempo não pára,
Contemplando o Rio na calma.

Lá eu gozo. Nela eu tenho tara.
Lá o mundo some e o ser recalma.
- Vou me jogar na Guanabara,
Desafiar o que desalma.

Sem freios e em fúria e sem trauma
Viro a cara à vida cara
Com unhas e dentes em palma:
“Vou me jogar na Guanabara”.

Unirei tudo o que separa.
Daqui versarei o meu fazer
Na História. Quero nem saber:
Vou me jogar na Guanabara!


(Wagner 24/07/09)

REVIRAVOLTA Wagner

REVIRAVOLTA



- Eu não mais lhe quero por desejo.
E estarei fingindo em lhe dizer
- Sonho em possuir o seu bom beijo!
O que eu não fiz, eu irei fazer...
Tudo para nós não foi vão ensejo,
E o que sinto já me faz rever,
Que face à verdade, prevejo
Aquele “lhe esqueci”, sem temer.
Pois que eu não usarei a frase de pejo
“Amo-lhe” - em amor todo, a saber,
Que é tarde demais, posto que vejo:
Um sinto muito – sem lhe esconder.


(ler agora debaixo para cima)

(
Wagner Williams)
12/06/07