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sábado, 20 de junho de 2009

Autoconsciente

27/09/2008

de que minhas lacunas epistemológicas
inexoravelmente propiciam
preconceitos, falhas, impropriedades,
oriundas talvez de minha crença
repugnante e retrógrada
aos olhos desta nossa vastidão de intelectualidades
atualizáveis on-line.

de que, na luta mental por uma sociedade justa
teria de restringir os prazeres alheios,
desconcientizá-Ios de que a sociedade visualizada por mim não é a deles,
paladino que sou
da justiça, do respeito mútuo e da tolerância,
do fim da marginalidade e da criminalidade,
adotando soluções simplistas,
cansado de compadecer-me das vítimas da sociedade
que inconscientemente (coitadas!) me vitimizam.

de que este livro negro que carrego,
ensinado que fui a "guardá-Io no coração",
se afigura aos demais como um triângulo roxo infamante e vergonhoso
no peito de uma Testemunha, por exemplo,
que poderia ser simplesmente jogado fora, largado,
que faria de mim mais um ser humano livre e crível,
um fardo que me tolhe o intelecto, que
poderia ser aliviado
em troca de guloseimas, honras, fêmeas,
desde que simplesmente o lançasse às feras.

de que estou aquém da filosofia:
não sou de São Tomás de Aquino
nem de São Frederico Nietzsche;
politeísmo e antropolatria nunca foram meu ponto forte ...

de que toda essa autoconsciência,
seja indulgente ou severa para comigo mesmo,
não contribui em nada para que meu pensamento torpe
ou as abstrações insanas de minha mente
porventura me liberem da prisão que todos apontam haver em mim
e me façam alguém enfim capaz de dizer, a plenos pulmões,
"em pleno século XXI" seguido de uma salva de calorosas palmas ...


Ari Denisson

1 comentários:

Má-poesia disse...

Ariiiiiiii, posso dizer mais uma vez?!
Gosto por demais deste seu poema. ^^

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