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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Não tem moleza - Alessandro Litrento

Não tem moleza
Alessandro Litrento

-Ô, Firmino! Cadê tu, homem de Deus? Não vou esperar mais não. Daqui a pouco o ônibus tá passando! Já tô indo. Tchau!
-Peraí, Nena! Já vou! Tava aí do lado, na casa do Jorge, vendo os classificados, anúncios de emprego, você sabe, né?
-Tomara Deus que você consiga alguma coisa. Estamos com a corda no pescoço.
-É. Eu sei.
-Então, tchau, tô atrasada.
-Tchau, meu amor. Vai com Deus. Se aparecer alguma coisa hoje, eu levo os meninos pra casa da sua mãe.
-Tá certo. Um beijo.
Lá vai Madalena, apressada, pegar duas conduções para sentar por oito horas em frente a uma linha de produção de peças para persianas. Quase toda manhã é a mesma rotina. Firmino leva a esposa à porta, despede-se e corre pros classificados, aguardando que uma oportunidade de emprego. Cuida dos meninos. Dois: Pedro e Letícia. Às vezes, D. Lurdes, a vizinha sessentona, quando está de boa vontade, vem dar uma força. Torneiro mecânico dos bons, Firmino ficou desempregado há dois anos depois que a empresa siderúrgica, da qual era funcionário a mais de vinte anos, colocou todo mundo em férias coletivas. Nada de seus direitos. Saiu com uma mão na frente e outra atrás. Até hoje aguarda que a justiça dê ganho de causa aos funcionários demitidos. Dois anos de bicos. Firmino é um “faz tudo”: eletricista, mecânico, encanador, marceneiro, pintor. Não fica parado, não. Mas as coisas não estão fáceis. Há muitos dias que nada aparece. Quando se está com quase cinqüenta a coisa fica pior ainda. As oportunidades vão se fechando.

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Forró letrado



Forró letrado dia 10 de junho ,na praças dos bancos, na Ufal.
ihaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Verbo + Verba

Tchello d'Barros*




*Tchello d'Barros é catarinense de nascimento (Brunópolis-SC), nordestino por opção (sediado em Maceió-AL)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Final das inscrições para estar no Prêmio Jabuti




As inscrições para o Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira, terminam no dia 29 de maio. Em sua 51ª edição, o Jabuti já premiou autores como Cecília Meirelles, João Ubaldo Ribeiro e Chico Buarque e hoje contempla 21 categorias. Em sua última edição, premiou o escritor catarinense Cristovão Tezza. Pela primeira vez, será premiada a melhor tradução em francês, em homenagem ao ano da França no Brasil. Para mais informações, acesse www.cbl.org.br/jabuti/.

Mais informações clique aqui

sábado, 23 de maio de 2009

A mulata

Lá vem ela Mulata
Balança, profana
Em dias de cova rasa.

Lá vem ela me mata.
Um bálsamo de Luanda
Numa terra nefasta.

Como ela pôde desobedecer?
Aos caprichos vis,
Ao europeu prazer.

Sua desobediência é recompensada,
A musa morta sorri.
O ferro frio a ultrapassa.
Seu lugar se revela: é aqui,
A ver os calçados sórdidos de quem passa.

Luis Hortencio ( aluno de Letras/6º período)


sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Cartomante - Lima Barreto


Lima Barreto

Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era êle tentar qualquer cousa, logo tudo mudava. Estêve quase para arranjar-se na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom "pistolão", tôda a politica mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que êle não devia ir para adiante. Se não fôssem as costuras da mulher, não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se alcançava ter na algibeira por vêzes, era obtida com auxílio de não sabia quantas humilhações,apelando para a generosidade dos amigos.
Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir? Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a êle, a mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Prêso à sua vergonha como a uma ca1cêta, sem que nenhum código e juiz tivessem condenado, que martírio!



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Gato Zarolho no Posto 7!

Depois de sua bela estréia, a banda Gato Zarolho vem com mais um show, agora junto com Nelson da Rabeca e Carlos Moura.Apreciem!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Homem que Sabia Javanês



Lima Barreto

Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro, contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver.

Houve mesmo, uma dada ocasião, quando estive em Manaus, em que fui obrigado a esconder a minha qualidade de bacharel, para mais confiança obter dos clientes, que afluíam ao meu escritório de feiticeiro e adivinho. Contava eu isso.

O meu amigo ouvia-me calado, embevecido, gostando daquele meu Gil Blas vivido, até que, em uma pausa da conversa, ao esgotarmos os copos, observou a esmo:

- Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo !

- Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho agüentado lá, no consulado !

- Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.

- Qual! Aqui mesmo, meu caro Castro, se podem arranjar belas páginas de vida. Imagina tu que eu já fui professor de javanês!

- Quando? Aqui, depois que voltaste do consulado?

- Não; antes. E, por sinal, fui nomeado cônsul por isso.

- Conta lá como foi. Bebes mais cerveja?

- Bebo.

Mandamos buscar mais outra garrafa, enchemos os copos, e continuei:

- Eu tinha chegado havia pouco ao Rio estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro, quando li no Jornal do Comércio o anuncio seguinte:

"Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas, etc." Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro, andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os "cadáveres". Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei, entreguei o chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi. Na escada, acudiu-me pedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Java e a língua javanesa. Dito e feito. Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua aglutinante do grupo maleo-polinésico, possuía uma literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu.


(para ler o conto na integra clique no download do texto em pdf)

Download do conto em pdf

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O VESTIDO

*Jayme de Altavila

Este vestido é escandaloso e não me agrada.
O tom é forte, é agudo, é delirante.
A moda para mim é o que é simples, modesto,
E, ao mesmo tempo, elegante.
A discrição é o encanto da mulher.
O tom vivo parece um grito retumbante
Em plena rua.
É tão fácil vestir teu corpo harmonioso!
Gosto de ti quando te vestes sem o intuito
De ser admirada.
Eu sempre te louvei, com prazer, o bom gosto
E a inteligência aprimorada.
Mas hoje não!
Este vestido é, de tudo isso a negação!
Não gostas do vestido? Eu não me zango. Escuta:
Se quiseres, querido, eu irei me despir,
Não sairemos esta tarde calma e quente,
E tu escolherás no figurino,
Chegado de paris recentemente
Um vestido que agrade a tua sisudez...
Queres? Então fecha os olhos, até que eu me oculte no biombo japonês.


*Poeta modernista maceioense. Da coletânea “Altos Versos” (1973).

You- Bukowsky

Charles Bukowski (poesias traduzidas - tradução por Sidclay Dias)



you’re a beast, she said
your big white belly
and those hairy feet.
you never cut your nails
and you have hands
paws like a cat
your bright red nose
and the biggest balls
i’ve ever seen.
you shoot sperm like a
whale shoots water out of the
hole in its back.


beast, beast, beast,
she kissed me,
what do you want for
breakfast?



você


você é um animal, ela disse
sua barriga grande e branquela
e esses pés cabeludos.
você nunca corta essas unhas
e suas mãos são como patas de gato.
esse seu narigão brilhoso e vermelho
e esses colhões gigantescos
eu nunca vi uns assim.
você esporra como
uma baleia que espirra água
pelo buraquinho em suas costas.



animal, animal, animal,
ela me beijou,
o que você quer para comer no café da manhã?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

TEUS OLHOS

Cyridião*


Os teus olhos formosos e eloquentes
Imersos na luz clara da inocência,
Doces, meigos e cheios de ternura,
Quase sempre orvalhados de clemência.

Esses teus olhos, virgem, tão serenos,
Que iluminam-me a terra prometida
São o asilo das minhas esperanças,
O esplendente fanal de minha vida.

É com eles que olhando eu vejo certo,
Que choro, durmo, sonho e que desperto,
Vendo o infinito, vendo o próprio Deus.

Pois, os raios de que deles se disparam
Os meus há muito tempo que cegaram,
E tudo quanto vejo é pelos teus.

*Poeta modernista portopedrense. Do álbum “Versos Presos” (sem data).


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Criança morta - Cândido Portinari

AMO-TE TANTO MEU AMOR NÃO CANTE MEU CORAÇÃO OUTRO CANTO

AMO-TE TANTO MEU AMOR!
NÃO CANTE MEU CORAÇÃO OUTRO CANTO.
SENÃO HÁ DE ARREBENTAR-SE NO PEITO
A FIBRA QUE SUSTENTA MEU SORRISO
DE CANTO A CANTO.
ESCUTO DA MINHA SAUDADE FAMINTA
(ESPÉCIE DE SILENCIOSO DELÍRIO)
AS NOTAS DISSONANTES
DE QUANDO ME ESCAPARAM OS TEUS
CONTIDOS GEMIDOS
― DADOS NA TUA RESPIRAÇÃO OFEGANTE,
QUE ME ESCAPARAM DOS OUVIDOS
E DANÇARAM NO LABIRINTO DE MEU CORPO
NUM RITMO ELOQUENTE E INFINITO.
E À LUZ DOS HOLOFOTES
DE TEUS OLHOS
NUM ABRAÇO DE PERNAS,
E CONVULSIONADAS LAMBIDAS
FUI REGIDA COM O TOQUE DE TEUS DEDOS
QUANDO TOMEI O TEU CHEIRO - HUMANÍSSIMO
COM O LICOR DE TUA SALIVA
E TODAS AS PALAVRAS DERAM-SE NUM ESTALIDO
DE UM SINFÔNICO BEIJO CALADO.
E COMO QUEM PRECISA DESACELERAR
APÓS QUATRO DIAS DE FOLIA CARNAVALESCA INTENSA,
RECOSTEI MEUS EXAUSTOS PENSAMENTOS
EM TEU SEIO A PALPITAR
ASSOVIOU-NOS O VENTO
O ECO DE UM EMBALADO PRAZER...
E DE POSSUIR-TE ASSIM, NA FRÊNESI DE TODOS OS SENTIDO,
FEZ-SE EM MIM UM REFRÃO
DE INCESSANTE REPERCUSÃO TÃO INTENSO
E SIBILANTE COMO TEU NOME:
AMO-TE TANTO MEU AMOR,
NÃO CANTE MEU CORAÇÃO OUTRO CANTO.


Patícia Lima

CONSOLAÇÃO

Emílio de Maya*

Enxuga a alma, criatura!
Esquecer da alma forte é privilégio.
De que serve chorar a desventura
Quando o mal que sofre é sem remédio?


*Poeta maceioense. Do livro “Pétalas Esparsas”(1981).

terça-feira, 12 de maio de 2009

POEMA ENCONTRADO NUMA GARRAFA

domingo, 10 de maio de 2009

Amor em Camões e no ABBA

Desde o soneto XI a Waterloo,
ABBA na Suécia e, em Portugal, Camões,
Advertem-nos das mil contradições
De um sentimento que nos deixa nu

O corpo, o coração. De um modo cru,
Ele - o Amor -, com dogmas e senões,
Co angústias, co agradáveis convulsões,
Põe a mente confusa e jururu.

E Benny Andersson, sem Camões ler,
O "É cuidar que se ganha em se perder"
Reitera, em larga escala ao mundo inteiro,

Bem como artes do Amor, esse brejeiro,
Cantando: “and how could I ever refuse?
I feel, I feel like I win when I lose!”

sábado, 9 de maio de 2009

CANÇÃO AO AMOR PRIMEIRO

Não queira saber o quanto a amo
P’ra que não me ache inatingível,
E o quanto de vezes que gamo
Seu bom carinho tão sensível.

Não peça provas do que eu sinto,
A saber que não são prováveis
Tal qual o Universo distinto
D’além distâncias incontáveis.

Mas que busque em mim perceber
Que a minha vida é devoção
Por você em dar e receber
O que do amor se tem noção.

Seu olhar que tudo mostra e sente
Dá tudo em afeto primeiro,
Todo o bem em amor somente
Inesgotável por inteiro.

E ao fim desse destino torto
Com tudo aquilo que me ganhe,
Sempre pois, no seu amor absorto
Lhe coroarei minha mãe.

(Wagner Williams)

SETE LINHAS

Sete dias de canção
Com as sete notas frias,
Sete linhas tu lerias
Sete versos de escansão
Em um sete-perfeição
Que se não fora utopia,
Sempre sete eu te daria.


Wagner Williams

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Gato Zarolho: o show e lançamento do 1° cd.

Essa é a seção de informes notícias.Poste a sua aqui e confira as novidades locais.



Pessoal, não poderíamos estrear melhor a seção Zas-trás...
Anunciando o Show de lançamento do primeiro CD da Banda Gato Zarolho, banda muito f..., e sem falar que é da terrinha,e que o vocalista é dos nossos- Marcelo.
a banda destaca pelo estilo próprio e proposta musical diferenciada. Intimo a quem nunca ouviu Gato Zarolho baixar o CD e comparecer no dia 09 de maio-sábado-amanhã, no orákulo, para prestigiar os caras e ouvir boa música... A galera do blog toda marcará pesença. Até sábado, então .

Baixem o cd não percam a oportunidade é totalmente gratuito:
Acesse o Site para baixar

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ponto de intersecção



(clique na imagem para ampliá-la)
A solidão em que a morte deixa o morto é maior que a solidão da lua. Minha solidão soma a solidão do morto e a solidão da lua.
Sou mais só que um louco.

(Jorge Cooper)

Jardim



Monet

terça-feira, 5 de maio de 2009

LINGVO

As línguas mudam.
Todas as línguas tendem a mudar.
A tendência é evoluir...
Certamente!

Mas alguns acordos, acredite,
Que buscam a união
Retardam a evolusão,
E ao invés de torná-la mais fásil
Complicam-na, e esquesem a fonétika.

E se aqeles qe posüem palavra
Nada fizeram,
Nada faremos nós, dezapoderados...

Veremos kilometros de istória,
E as coizas tornar-se-ão piores.
Pero menos tomemos um cafèzinho!

(Victor Souza) Aluno de História/UFAL-1º período

domingo, 3 de maio de 2009

DAS VOLÚVEIS SINESTESIAS

Toda vez
Que olho no espelho
A minha cara grita quem eu sou...
No entanto
Meus ouvidos
Nunca alcançaram as palavras,
E enquanto meu nariz aspira
O sabor da minha existência,
Guardo na boca alguns sonhos inodoros...

(Patrícia Lima)

POEMA TECNOUTÓPICO

Câmera digital da Polaroid®,
Um celular da Sony® e um iPod®.
Quem quer, e se quiser, quem é que pode
Viajar de Maceió a Pomerode?

Quem, nas campinas, vai ficar de bode?
Ficá-lo-á tão somente para mor de
Irritar-se, pra ver se a mente explode?
Por favor, continue com seu iPod®!

Neste marasmo o que ele quer – só pode! –
É escrever mais pautas do que pode
(O cara nem sequer tem um iPod®!)

E, em revolta que de sua mente eclode,
Logo de cara o sonho todo erode:
Não dá pra ir daqui a Pomerode.


(Ari Denisson)