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sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Cartomante - Lima Barreto


Lima Barreto

Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era êle tentar qualquer cousa, logo tudo mudava. Estêve quase para arranjar-se na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom "pistolão", tôda a politica mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que êle não devia ir para adiante. Se não fôssem as costuras da mulher, não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se alcançava ter na algibeira por vêzes, era obtida com auxílio de não sabia quantas humilhações,apelando para a generosidade dos amigos.
Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir? Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a êle, a mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Prêso à sua vergonha como a uma ca1cêta, sem que nenhum código e juiz tivessem condenado, que martírio!



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