sexta-feira, 24 de abril de 2009
Paráfrase de Ronsard
Foi para vós que ontem colhi, senhora,
Êste ramo de flôres que ora envio.
Não no houvesse colhido e o vento e o frio
Tê-las-iam crestado antes da aurora.
Meditai nesse exemplo, que se agora
Não sei mais do que o vosso outro macio
Rosto nem boca de melhor feitio,
A tudo a idade afeia sem demora.
Senhora, o tempo foge... o tempo foge...
Com pouco morreremos e amanhã
Já não seremos o que somos hoje...
Por que é que vosso coração hesita?
O tempo foge...A vida é breve e vã...
Por isso, amai-me... enquanto sois bonita.
Manuel Bandeira(poema do livro “A Cinza das Horas”)
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3 comentários:
Magistral o soneto. A pluralidade de Bandeira deixa muitos poetas modernos chateados com as suas dificuldades em trabalhar as formas fixas modernisticamente como faz Manuel. Daí uma dura rejeição ao clássico, taxativos, e a recorrência da tradição de romper c/ a tradição, como fazem esses frustados poetas de vanguarda, achando que ser moderno é nunca visitar o passado, mas "(re)criar" um futuro já previsto.
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